quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

FIDEL - autoria própria







O afastamento do Líder Cubano Fidel Castro do governo de seu País, marca o fim de uma era e do comando de um dos maiores lideres revolucionários da história contemporânea.
A Revista Veja, como era de se esperar, reacionária como é, põe em manchete de capa “Já vai tarde”, esse tipo de manchete sensacionalista é ridícula, é imbecil, demonstra o quanto esse veículo de comunicação é tendencioso, manipulador e conservador!
Essa demonstração idiota da Revista Veja é tão imbecil quanto possíveis atitudes de desespero dos partidários do regime cubano.
Não é o caso nem de uma e nem da outra atitude. É necessário ter em mente que Fidel Castro envelheceu, ficou doente e precisou se afastar do comando do governo e que desde 1985 o seu sucessor já havia sido declarado, é seu irmão Raúl Castro e há quase dois anos essa transição vem sendo preparada, de forma inteligente e o menos impactante possível, não apenas para manutenção do regime, como também para manter a força diante do poderoso inimigo americano.
Os fãs dos Estados Unidos, que arrotam a palavra “liberdade”, usando-a inadequadamente, assim como a palavra “democracia”, e que deveriam usar no lugar dessas, a palavra “capitalismo”, como essa porcaria da VEJA, deveriam lembrar a história de Fidel Castro, lembrar o que era Cuba antes da revolução e o que é Cuba hoje.
Cuba de Fulgencio Batista, que era um ditador de direita, fantoche dos Estados Unidos, fazia de Cuba o quintal do país do norte.
De 1902, quando os norte-americanos tiraram os espanhóis da ilha e desceram goela abaixo dos cubanos a odiosa Emenda Platt, que deu direitos perpétuos aos EUA de manter bases militares em Cuba, assim como de intervirem nos seus assuntos sempre que considerasse necessário, a 1934, os yankees, deitaram e rolaram na ilha, e como o interesse era apenas estratégico, devido à entrada para o Canal do Panamá, patrocinavam um governo fantoche atrás do outro, mesmo depois da Emenda Platt, isso fazia do povo cubano pessoas miseráveis, famintos, esfarrapados, explorados da maneira mais espúria.
Até que Fidel Castro e mais 81 homens, na madrugada de 25 de novembro de 1956, a bordo de um velho iate de 17 metros, o Granma, saídos de Tuxpan no México em direção a Província do Oriente, onde invadiram Cuba e fizeram a revolução. Sem entrar nos detalhes das dificuldades dessa viagem, tempestades, um quase naufrágio, poucas armas e o desanimo natural dos companheiros, Fidel ao pisar na ilha disse: “Agora, os dias da tirania estão contados”. E com o apoio de seu povo, menos de dois anos depois ele entrava triunfante em Havana, como líder de uma revolução, realmente popular e vitoriosa.
É claro que o regime socialista não é perfeito, tem suas falhas, mas o povo cubano nunca mais passou fome, tem educação de extrema qualidade, inclusive com cursos de pós-graduação ofertados e procurados por estudantes do mundo todo, medicina de ponta e saúde pública de qualidade, não há analfabetos em Cuba, não há sem-tetos em Cuba, existe pobreza, mas não existe miséria, os que fogem vão em busca do brilho da ilusão do capitalismo que disfarçado de liberdade enganam os cubanos que morrem no mar e os que sobrevivem, em sub-empregos e as cubanas que viram prostitutas em Miami. E também, se o embargo econômico desumano imposto pelos Estados Unidos não existisse, as condições econômicas e sociais em Cuba seriam bem melhores, e se, com esse embargo, Fidel conseguiu manter sua ilha, imaginem sem.
Por isso e por ser um farol para América Latina, devemos reverenciar o grande líder Fidel Castro, exatamente ao contrário do que a porcaria da VEJA diz. Felizes dos heróis que morrem jovens, na luta, com um tiro no peito, ou como mártires de uma causa, como Che, seu fiel companheiro!
Que pena Fidel, que pena que os heróis que envelhecem e adoecem, não tenham a mesma deferência!
Hasta la victoria siempre!


Alnary Rocha
27/02/2008

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

PAI E FILHO - diálogo em poemas de 1985




Existem coisas que se não fossem os registros, nem que sejam os mais precários, se perderiam no tempo e não poderiamos recuperar, muitas coisas não se recuperam, como a palavra venenosa que se diz de cabeça quente, a briga com a família por razões tolas, etc...


Os poemas abaixo, foram escritos por mim e por meu pai, em 1985, por essa época eu tinha 18 anos de idade, namorava minha ex-esposa, da qual 10 anos depois estava separado. Meu pai queria que eu estudasse e fosse mais devagar com a relação, mas naquela época, aquela relação era só o que importava, então, ele foi radical, me mandou pra Curitiba e proibiu o namoro, é óbvio que eu não o obedeci e muitas vezes brigamos, até que um dia houve uma briga muito feia, coisas ofensivas e desrespeitosas foram ditas, que eu mais tarde me arrependi, e a forma que encontrei para falar aos meus pais, principalmente ao meu pai, sobre isso, foi escrevendo o que irão ler abaixo.
Eu tinha 18 anos!
Então, de alguma forma meu pai descobriu o escrito que era uma pretensa canção, rock, é claro! E escreveu um lindo e amoroso poema em resposta, então eu me emocionei e fiz a tréplica.
Reminiscências, como diz meu querido Tio Horácio, mas nostalgia não faz mal a ninguém e também, é bom lembrar meu pai, alías, não se passa um dia sem que eu o lembre e o cite.

E aqui eu registro, eu e meu pai, dialogando em poemas!


Haaa...em tempo, se não fosse minha irmã Isabella, encontrar os papeis no qual eu e meu pai haviamos devidamente datilogafado, e tivesse scanneado, muito provavelmente essas "pérolas" haveriam se perdido.


Escrevi...


PERDIDO DENTRO DE MIM

Quando olho no espelho
Começo a pensar na minha vida
Vejo a cara de garoto que tenho
E tento curar aquela ferida

Penso em tudo que tenho
Dinheiro, carro e vida folgada
Mas a paz, a paz ainda não veio
E eu tenho tudo, e não tenho nada

Porque me castigam tanto
Se eu sei que não sou ruim assim
Pra eles, isso eu canto
Eu sei bem o que quero pra mim

É gozada mesmo a minha vida
Começo a rir da minha cara
Vou dar nisso uma invertida
Vou tomar a minha gata proibida

As pessoas que tanto me rodeiam
Falam tanto de suas experiências
Que me fazem entrar num ruim devaneio
Enquanto me cobram fazendo tantas exigências

Quando irei me sentir útil
Fazendo algo que me realizará
Quando sairei dessa vida fútil
Que por fim me apodrecerá

Alnary Filho
18/09/1985


Meu pai escreveu...


QUARTETOS DO CORAÇÃO
Em resposta ao seu: PERDIDO DENTRO DE MIM


Como li sem permissão o seu rimado
Creio também, dever dar meu recado
Talvez, nem tão lindo e bem feito
Porém, com muito amor e respeito

Olha filho, não desejo mais magoá-lo,
Essa será a última vez que lhe falo:
“as coisas do coração, do amor e da paixão,
muitas vezes, castigam-nos sem dó, nem perdão.”!

Diz parte de um velho ditado que permanece:
“existe razão que a própria razão desconhece”,
O desconhecido, só o futuro revelará,
Quando erramos ou acertamos, que será?

Porém, de tudo esteja certo filho meu,
A certeza que sempre estarei ao lado seu,
Na matéria fria, ou em meu espírito
Junto estarei, aqui ou até do infinito!


De um pai desesperado
Que sempre o amou!

Ponta Grossa, 18 de Setembro de 1985

Alnary Nunes Rocha


Eu repliquei...


REDIMIDO

Só depois que tudo passou
Eu posso ver o meu passado
Um rolo que ninguém nunca imaginou
Mas que me deixou muito magoado

Eu sei que só eu tenho culpa
Mas eu não tinha cabeça
É, eu tenho que ir a luta
Antes que minha memória desapareça

Não queria que tivesse de ser assim
Mas a verdade tenho de assumir
Realmente não sei o que vai ser de mim
Não sei como, mas vou me redimir

Não que eu deva algo pra alguém
Mas a vida é uma armadilha
É impossível viver sem ninguém
É que eu tenho uma família

E ser legal não custa nada
Como eu devo algo pra mim
Agora é hora da virada
Vou conseguir viver assim

Alnary Rocha
18/09/1985